Feir de Merenween


A noite ia alta na Floresta negra. A lua prateada espia sorrateira para imensidão que é Uaht parado como se estivesse dormindo lá estava eu...Solitário com meu alaúde. Vez ou outra conversava um pouquinho com meu amigo que sentado ao meu lado de pernas cruzadas balançava os pés. A lua que estava sorrateira escondida entre a s nuvens, procurava pela floresta alguém... Olhando por todos os lados, até que me avista... 

- Sim! Lá está ele.

Eu estava triste recostado a uma árvore, brincando com um matinho que rolava entre os lábios vez ou outra mordendo a pontinha, meu alaúde inseparável sobre as pernas que estavam cruzadas sobrepostas.
Estava tão pensativo, sem vontade de cantar.
A lua queria por algum motivo que eu cantasse minhas belas e mágicas canções.
Então teve uma grande ideia Fez-se linda e majestosa, redonda, amarelo ouro. Despejando seus raios e seu brilho maravilhoso.

Despertando-me. No mesmo instante peguei meu alaúde e comecei a tocar uma linda e triste canção que fala de um amor passado, e cantei, tocando o alaúde com todo meu coração. As notas encantadas percorrem a floresta negra, dando voltas sinuosas, passando através das folhas, desviando das árvores até chegar à beira do rio e descer maviosa atravessa a floresta negra voltando a mim que senti uma paz já esquecida , estava distraído tocando minha canção.
Quando uma elfa chega à árvore onde eu estava sentado a tocar meu instrumento com esmero.
Levantei-me e chamei a recém-chegada para que se juntasse a mim ao ver que a elfa tinha na mão uma flauta mágica. Só que ela, receosa, não se aproximou de imediato. Então me apresentei.
Só depois ela caminhou decididamente em minha direção.
Ainda de pé peguei o meu chapéu de pena que estava repousado na grama e disse solicito:

= Sentem-se, senhora... Como é seu nome? Bela elfa

- Sou Feir Merenwën Denominada Elfa da Tempestade.

= Sejam muito bem-vinda à minha Floresta Elfa da Tempestade! Chamo-me Menestrel Sonhador.

- Sua Floresta senhor Menestrel?

Eu sorri e com a mão segurando o chapéu fiz um gesto indicando a manta de pele de carneiro ao meu lado.

= Por favor, tenha a bondade - disse para Elfa

Quando ela se sentou, eu também me acomodei em minha manta, com o chapéu posto novamente na cabeça e comecei puxando conversa.

= Eu estava conversando aqui com o meu amigo, ele precisa ir para longe e eu pedia que não fosse.

- Seu amigo onde?

Enquanto ela perguntava, sentiu uma brisa em seu rosto e a voz desentoada do meu “amigo”.

* Estou aqui elfa da tempestade

Neste momento ela viu um silfo que passou perto de seu rosto esvoaçando seus cabelos.

* Sou eu, Lazuli minha senhora Feir. Um de seus súditos

- Que isso Lazuli! Fique á vontade. - Por favor!

A elfa falou oferecendo a ponta de sua manta ao pequenino Elemental.

Levantei-me e com ar enciumado perguntei ao pequeno Lazuli:

= Estás á roubar minha amiga? Pequenino amigo.

Feir muito altiva retrucou:

- Eu não sou sua amiga, senhor!

Virei-me de costas e fiquei olhando ao longe! Eu não sou muito alto nem muito musculoso, meus cabelos são negros e ondulados, até um pouco abaixo dos ombros, bem cuidados como se espera de um Bardo. Gosto de me vestir com ostentação!
Estava trajando uma túnica de seda azul escura, que mantinha aberta, por baixo uma espécie de cintos largos, que cruzavam no tórax com uma pedra vermelha bem no centro, é uma Oriate. Um presente de um amigo Silfo. Calças negras de linho bem tecido, botas de couro escuro com detalhes em prata. Uma capa azul escuro com um brasão bordado em prata. Repousava em meus ombros, presa por ombreiras prateadas. Um anel de prata com uma esmeralda em minha mão esquerda.
Fiz uma mesura para a elfa, e depois voltei a sentar, e pegar meu alaúde e disse:

= Estejam à vontade eu vou tocar. 

Ainda receosa a elfa faz um pequeno aceno com a cabeça compartilhando o cumprimento
Ela só ficou um pouco aliviada com a minha presteza e gentileza ao haver lhe convidado para sentar em minha manta, mesmo assim um tanto quanto desconfiada.
Ela então agradece em Élfico, ainda me analisando:

- Go raibh maith agat.
– (Obrigada).

A elfa, embora desconfiada, não capta de mim nenhuma intenção oculta. Ainda mais que foi ela quem se chegou.  Eu também lhe respondi em élfico com um largo sorriso.

= “Conas deas bualadh duine a labhrann an teanga foraoisí”


Como é bom encontrar alguém que fala a língua das florestas) - Feir respondeu:
- Oras Bardo! Mas voce vive na floresta! E todos falam o idioma da floresta.

= Ah minha linda amiga! Todos estão querendo novidades, os jovens cada vez mais esquecem nossas tradições.

Lazuli diz com o cotovelo no joelho e a mão no queixo.

* Meu amigo aqui tem razão, os jovens não parecem querer participar deste mundo que vivemos e estão criando um novo mundo que está por vir.

Feir concluiu já mais tranquila entre nós dois.

- Realmente nosso amigo tem bons olhos... Eu queria participar de um torneio, lutas não são minhas especialidades, ainda mais sem um motivo bom. Mas sou boa com arco e flecha. Mas acharam que sou frágil demais e negaram minha inscrição.

Servindo de pão e vinho para mim e Lazuli e uma doce maçã a elfa, concluí.

= Este torneio é de certa forma cômoda, levando em consideração a situação dos povos, não?

Feir não concordava e disse :

- Se fosse para todos, ai sim seria um plano interessante envolvendo os povos...

Depois ficou olhando para mim, para ver ate que ponto eu entendi, enquanto rodava entre os dedos a sua flauta.  Assim que Feir terminou de falar, me virei para ela, sorrindo. E disse.

=Você tem tino de uma líder Elfa da Tempestade, e porte de Rainha.

Retirei um pedaço de pão da algibeira e o mordi de leve. Engoli lentamente e retomei a conversa.

= Além do mais, o que te faz pensar que outras pessoas gostariam de participar do torneio a não serem os elfos fortes e robustos?

- Por que senhor Menestrel, todos os deuses mentem, todos os reis são fracos. Dependem de seus súditos, e se não estiverem prontos para uma guerra. Todos serão derrubados e sangrarão e o inimigo reinará supremo!  E então, sob uma só bandeira que não será a nossa, conheceremos a paz.

”Essa bandeira não poderia ser de nosso povo"? (O Campeão dos Povos)

= Eu nunca iria por em minha mão uma espada para derramar sangue em nome da guerra. Essas mãos somente dedilham notas de canções, e enquanto o Sol da paz não for ameaçado, elas jamais segurarão uma espada.
Lazuli que estava calado só ouvindo, falou como uma brisa leve mais certa.

* Então, meu querido amigo Bardo se visse seu povo sendo dizimado, apenas cantaria uma canção e continuaria seu caminho pisoteando os corpos pelo chão?

O sorriso desapareceu da minha feição de Menestrel por um momento, para retornar segundos depois.

= Ah, sou apenas um menestrel? Desculpe-me então. Prossiga.

Tornei a degustar meu naco de pão, percebendo curioso, como a elfa ao lado do silfo, parecia quieta e desconfortável. Achei melhor ignorar, e volta à minha refeição. E lhe ofereci o vinho de frutas silvestre dizendo:.

= Prossiga Elfa da Tempestade!

A elfa estava irada pelo meu desinteresse, mas quando viu meu súbito entusiasmo, deu um suspiro que suplantou sua raiva.

- Ah claro... Disse ela aceitando o vinho, e continuou:

- Bom... Sabemos que a situação do povo de Laht não é mais como antes. Cada tribo de elfos dos vales está com suas dificuldades como era de se esperar. Mas o que me preocupa, em nosso habitat, é algo que não pertence a este povo.
 "É alguém com uma pele tão escura quanto uma noite sem luar, e cabelos tão vermelho como as labaredas de uma Salamandra."...

= Ah! Se for assim estarei na torcida de seus feitos nesse “Torneio dos Povos”.

Eu disse num tom tão poético. Que a elfa voltou a atenção para mim.

- Gostei da sua afirmação: "vou ganhar o torneio!",

= Irei torcer por você nos combates, certo Elfa da Tempestade? Mesmo não sabendo o que levam vocês a se aventurarem, correndo riscos e enfrentando a morte?
O que lhes faz aceitar prontamente algo desse tipo?

Lazuli o silfo escorou novamente os cotovelos sobre os joelho e com uma das mãos apoiou o seu queixo aguardando a resposta da elfa que dando leves mordiscados na maçã e respondeu:

- O mesmo que leva um menestrel nos dias de hoje ainda cantar e contar histórias pelo mundo.....

Novamente Lazuli salvou a noite:

- O meu amigo aqui. Senhor Menestrel Sonhador! Gostou mesmo de papear com minha amiga.
Eu perguntei  a Lazuli:

= Você querido amigo Lazuli poder-me-ia dizer onde conheceu esta bela elfa?

Perguntei ao mesmo tempo em que levei a taça de vinho à boca.
Antes que Lazuli pudesse responder ela respondeu. E desta vez calmamente, lembrando o motivo que a trouxe até ali. Sua voz soava aveludada praticamente acariciando os nossos ouvidos.

- Nos conhecemos por essas florestas, rios e montanhas, Lazuli é uma pequena parte de meus ventos quando invoco a tempestade. Temos os mesmos objetivos e os mesmos desejos que são: proteger e zelar pela natureza! Sendo assim acabamos por nos tornar bons amigos. Somos unos.
O mesmo ideal têm um poder gigantesco para unir as pessoas, mesmo sendo de raças diferentes.
Não é Lazuli?

Lazuli confirmou  ditando um provérbio de Elendil Elessar o Rei Elfo.

* "Aquele que caminhar ao meu lado receberá através de mim as benção de Febeh, e nada sofrerá enquanto eu viver! Eu sou o reflexo da beleza de “Elentári” uma parte da ira da natureza. Mas se você escolher o caminho errado! Todo esplendor se transformará em total escuridão num piscar de olhos. Isso é um juramento. "

Eu terminei dizendo:.

= Bem, meu amigo Lazuli qualquer informação sobre nossa linda amiga, só poderá ser dita por ela mesma se ela assim desejar, é um Dom das mulheres guardarem segredos, isso as tornam misteriosas, não concorda Sr. Lazuli?

Lazuli concordou com a cabeça, pois estava com a boca cheia. Apos terminarmos de cear, peguei meu Alaúde e pedi a elfa que pegasse sua bela flauta de sopro e falei com um leve sarcasmo:

= Sra. Elfa da Tempestade! Um menestrel “nos dias de hoje" daria a honra de lhe acompanhar em uma de suas musicas é sempre bom ouvir algo agradável depois de comer em tão doce companhia.

Feir levantou-se pôs a mão no bolso e retirou a sua flauta mágica perante meu olhar encantado ao ver seu belo corpo em minúsculas vestes vermelhas como seus cabelos E disse:

- Toquemos então como um brinde aos deuses por nos proporcionarem uma conversa tão proveitosa!

Nós enchemos a "Floresta negra" com uma música alegre, nos mostrando bem afinados e em harmonia um com o outro. Com passos tímidos de Dança ela me acompanhou como se já conhecesse a melodia. Tocamos por bastante tempo esquecendo-nos da hora.
Então quando encerramos a música, a elfa ficou sem graça porque eu dei uma piscadela para ela. Então ela disfarçou:

- O senhor é um homem de muitas qualidades, senhor Menestrel.

Após as músicas, eu contei feitos de alguns heróis locais, a elfa e o silfo ouviam com atenção quando percebi que lágrimas rolavam no rosto da elfa. Parei imediatamente de narrar àquelas histórias, retirei do bolso o meu lenço para que ela enxugasse as lágrimas.
Um pouco depois Feir me contou o ocorrido no reino de Gladiah. Fomos embora, comigo ainda tentando me desculpar e Feir me disse:

-Não há culpa. Você só queria nos alegrar eu que peço desculpa por ter estragado sua narrativa.

E à partir deste dia sempre nos encontramos para tocar canções juntos. Trazendo alegria ao coração de Feir.
Até que conheci Lessien a cantora do mundo de Luzir .

Mas isso não irei contar agora...  Deixarei para outra ocasião.

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